Introdução à Análise Documentária

Giovana Deliberali Maimone

Informação documentária

Enfatiza os processos relacionados à passagem do texto original para a sua representação.É o tratamento dos documentos a partir de suas informações principais.Quando os documentos passam por esse tratamento, as informações extraídas passam a se chamar “informações documentárias”.A elaboração de informações documentárias, independentemente do corpus documental ou do sistema documentário, compreende um conjunto de operações, esquematizáveis em três fases: 1. Ler um texto 2. Selecionar o conteúdo informacional pertinente 3. Representar informações para que sejam manipuláveisLIVRO >> RESUMO DO LIVRO >> INFORMAÇÃO DOCUMENTÁRIA A informação documentária, resultante de operações semânticas, permite que a observemos como uma forma de representação simbólica. É uma representação condensada, construída a partir de um objeto efetivamente presente – o documento.A ligação entre documento e usuário é estabelecida pela informação documentária, que perfaz a representação temática (de assunto/conteúdo). As informações documentárias são unidades de representação, construídas sob uma forma (física) e um conteúdo (temático).FÍSICA >> O QUÊ? MATERIALIZAÇÃO >> TÍTULO/AUTORIA/EDIÇÃO ETC.TEMÁTICA >> SOBRE O QUÊ >> TEOR >> INDEXAÇÃO/CLASSIFICAÇÃO ETC. A representação na Comunicação é tida como um conceito mediador entre o emissor e o receptor. É entendido, também, como o processo e o produto social da construção de sentidos, por meio de qualquer sistema de significação. Na Documentação, o termo “representação” é um conceito associado tanto à descrição de aspectos que identifiquem materialmente os documentos (catalogação) como ao processo/produto de condensação de textos (índices e resumos). A AD propõe-se a elaborar diversas modalidades de informações, quer sob a forma de novos textos (resumos) ou de representações padronizadas, por códigos de conversão chamados de vocabulários controlados (LCC, Tesauros, etc.). Ao analisar textos, o objetivo específico das operações documentárias é condensá-los, para promover sua circulação.KOBASHI, N. Y. Análise documentária e representação da informação. INFORMARE – Cad. Prog. Pós-Grad. Ci. Inf., Rio de Janeiro, v. 2, n. 2, p. 5 – 27, jul./dez. 1996.LARA, M. L. G. De. O processo de construção da informação documentária e o processo de conhecimento. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 7, n. 2, p. 127 – 139, jul./dez. 2002.LIMA, V. M. A. A informação documentária: codificação e decodificação. Transinformação, Campinas, v. 19, n. 2, p. 119 – 127, maio/ago. 2007. SOUZA, B. P. De. Representação temática da informação documentária e sua contextualização em Biblioteca. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v. 9, n. 2, p. 132 – 146, jul./dez. 2013. Arquivo

Leitura documentária - Giovana Deliberali Maimone

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Representação de Documentos

■ A análise de documentos tem como finalidade a representação dos documentos, apresentando-os sob a forma de resumos e índices. ■ Engloba então a análise temática (de assuntos) de um documento. documentos >> análise >> síntese >> representação----> representação descritiva >> referência bibliográfica----> análise documentária >> resumo >> indexação ■ Linguagem natural ■ Linguagem de indexação ou ■ Linguagem documentária ■ ■ Classificação Decimal de Dewey - CDD / Classificação Decimal Universal - CDU ■ ■ Tesauros, etc.Referências:AITCHISON, Jean. Manual para construção de tesauros. Rio de Janeiro: BNG/Brasilart, 1979. 142p. CINTRA, A. M. M. et al. Para entender as linguagens documentárias 2. ed. rev. e ampl. . São Paulo: Polis, 2002. 92 p. KOBASHI, Nair Yumiko. A elaboração de informações documentárias: em busca de uma metodologia. São Paulo: ECA/USP, 1994. 195 p. (Tese de doutorado)LANCASTER, F. W. Indexação e resumos: teoria e prática. Trad. De Antonio Agenor Briquet de Lemos. Brasília: Briquet de Lemos, 1993. 343 p. SMIT, Johanna W. Análise documentária: a análise da síntese. Brasília: IBICT, 1987. 133 p. Arquivo

O que é informação?

• É uma matéria abstrata, que pode ser materializada na escrita; • É o tornar-se informado -> se assisto ao jornal nacional ou leio uma notícia, obtenho informação; • É algo que tenho para tomar uma atitude -> informar para ação, exemplo: tenho de ir ao detran para retirar minha CNH.Na ciência da informação • As informações dos DOCUMENTOS ou devem ser tratadas para serem passadas aos USUÁRIOS. • • Uma informação pode gerar conhecimento, vejamos:Equação Fundamental da Ciência da Informação (Brookes):estado atual K(S) + ∆K > ∆I = K(S+∆S) estado mental alteradoO sujeito recebe uma nova informação (ΔI) através de um processo comunicativo. (LE-COADIC, 1996)Ciclo Social da InformaçãoComunicar >> produzir >> usarO que é comunicação? • Transmissão de uma mensagem? • Formas de transmissão: mídiasMaterial impressoMaterial visualMaterial audiovisualExemplos:Jornal, livros, revistas, etc.Quadros, fotos, pinturas.Rádio, TV, Cinema, etc.Usos da Informação • Para conhecimento • Para o trabalho • Para o prazer • Para me atualizar • Para a cidadania • Para me prevenir (dengue, zika, etc.)Como difundir Informação? • Ligo para um amigo fofoqueiro • Publico em papel ou na mídia eletrônica • Comunico pelo rádio, pela TV • Faço um filme • Faço uma peça de teatro • Posto nas redes sociais • Mando um WhatsAppO que é um documento? • Um papel? • Um livro? • Um catálogo de biblioteca? • A escritura de uma casa? • Um objeto de museu? • Uma pintura? • Um animal em um zoológico?Todos o são se dados como tal! Ou seja, se importantes e representativos! ✓ Documento é memória, é representação de algo, é seleção de ideias, é agrupamento de noções (museus por exemplo). ✓ Na CI é necessário selecionar, avaliar, traduzir e recuperar documentos capazes de responder a necessidades específicas, que mudam continuamente.Objetivos das atividades documentais • Selecionar, na massa de informações veiculadas, elementos de conhecimento, • Fornecer a qualquer pessoa as informações que ela necessita, no momento que as solicita, • Manter repositórios atualizados, • Permitir a comunicação entre as pessoas e o conhecimento registrado.PREOCUPAÇÕES CENTRAIS - assegurar acesso à informação e ao conhecimento, ao maior número possível de usuários.Referências GUINCHAT, C.; MENOU, M. J. Introdução geral às ciências e técnicas da informação e documentação. Brasília: IBICT, 1994. LE COADIC, Y. A ciência da informação. Brasília: Briquet de Lemos, 1996. SMIT, J. W.; BARRETO, A. De A. Ciência da Informação: base conceitual para a formação do profissional. In: VALENTIN, M. L. (Org.). Formação do profissional da informação. São Paulo: Polis, 2002. Arquivo

Introdução à AD - aula 2

sistematização do sistema de catalogação, padronização, normas e regras, evitando contar apenas com o bom senso.fluxo documentáriodocumento - > coleta - tratamento - difusão - > usuárioprocesso de análise documentáriaesfera de produçãoconsumoteórico-programáticadesestruturação - informação essencial / acessóriaestruturação - combinação de elementos para produzir uma representação (resumo, enunciado, índices...)canônicaproblemaindagaçãohipóteseconjecturametodologiaobservaçãoresultadosinterpretaçãoconclusãocomentário finalargumentativoteseponto de vistaargumentosprovasconclusãoafirmação da tesedescritivotemaobjeto do mundocaracterizaçãoexpansão predicativa (atributo ou objeto)narrativoquem agente da açãoo quê - eventoquando - caracterização temporalonde 0 caracterização espacialcomo - caracterização de modoporquê - relações causaistipos de texto:informativo temaproblemahipótesemetodologiaresultadosconclusãoindicativoindexadonorma NBR 6028resumosobjetivodocumento complementardefiniçõesutilização localizaçãoredação e estiloexemplosNBR 12676indexaçãoobjetivo...

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Trabalho: sujeitos e práticas informacionais

Resumo (4213 caracteres)
Sujeitos e práticas informacionais de uso e compartilhamento de imagens: em tempos de mídias sociaisEm pouco tempo, o mundo todo estava na internet. Essa nova mídia revolucionou nossa comunicação e maneira de ver o mundo. E nesse mundo, a imagem ocupa um lugar especial. Hoje, cada pessoa leva consigo uma câmera fotográfica às mãos, praticamente em tempo integral.Através das imagens o sujeito mostra sua vida ao mundo e em contrapartida o mundo passa a fazer parte de sua vida, a partir do momento em que disponibiliza uma publicação nas redes sociais.Seria impossível indexar a gigantesca e sempre crescente quantidade de imagens existente na internet. A marcação de palavras-chave (tags ou etiquetas) numa imagem, um processo chamado folksonomia, foi a maneira encontrada para que os usuários pudessem organizar e recuperar esses dados.No Flickr, que foi o primeiro a adotar essa ferramenta, ela foi chamada de "marcação colaborativa". Desde 2015, no entanto, novos recursos que se utilizam da inteligência artificial foram inseridos, como reconhecimento facial, classificação por cores, e a marcação – antes feita exclusivamente pelos usuários – passou a ser automática, com o próprio sistema adicionando as tags. Detecta-se automaticamente um rosto, um lugar, o que é pornografia ou não, ainda que no meio desse processo cometam-se inúmeros equívocos, da mesma forma que os humanos, em seu processo caótico de indexação, marcam as imagens atribuindo a elas sentimentos e emoções.Nas redes sociais, cada vez mais populares, as imagens imperam como principal elemento construtor do universo subjetivo dos usuários.Um movimento percebido já nesse estudo foi a migração do público mais jovem do Facebook – um canal que foi absorvido pelos adultos – para outras plataformas, como Instagram, Snapchat (não muito utilizado no Brasil) e TikTok, demarcando de forma clara o seu território, em plataformas que nasceram voltadas primordialmente para o compartilhamento de imagens, o que evidencia a prevalência destas, em detrimento da narrativa textual, e trazendo como consequência um aumento da velocidade da comunicação.Com a utilização de filtros, o usuário pode fazer diversas alterações na imagem antes que ela seja publicada. São cuidados estéticos que denotam a importância desse elemento no universo do mundo digital das redes sociais. Depois de publicada, a imagem poderá ser vista, comentada e até apropriada por um número incerto de outros usuários. Um registro efêmero que se desvanece em segundos, deixando quando muito uma pequena recompensa, que é o estímulo gerado pelas reações que uma publicação recebe.Essas interações, no entanto, criam os laços sociais entre os participantes e, consequentemente, determinam o valor social das relações. Essa é a base que define o ranking das "celebridades" das redes sociais, normalmente pessoas que se destacam na vida pública, principalmente artística e esportiva.Dado o modelo comercial adotado pela internet, análogo ao que já conhecíamos em outras mídias, o valor de uma publicação passa a se confundir com a visibilidade, popularidade, legitimidade e reputação dos atores envolvidos numa publicação. Nessa via publicitária, a imagem é o carro-chefe, e ela pode representar um cachê substantivo para os personagens que dela participam.Em 2017 no Instagram, "entre as 10 imagens mais curtidas, aparecem apenas três nomes: Beyoncé (uma única foto foi curtida 11,2 milhões de vezes), Cristiano Ronaldo e Selena Gomez." (WEBER e FERREIRA, 2018, p.1973).Como conclusão, fica a indagação presente no estudo: em que medida a imagem numa publicação nas redes sociais traz o objeto de consumo para o universo imaginário dos usuários, ou, ao contrário, transforma os próprios consumidores em objetos?Sem uma verdadeira autonomia da própria vida, e, consequentemente, das relações de consumo, o usuário-sujeito passa a não possuir o domínio sobre o objeto; ao contrário, é objetificado. Portanto, pensando o uso da imagem aliada ao consumo no contexto das mídias sociais como o Instagram, por exemplo, se torna muito difícil discutir a liberdade do sujeito em saber escolher e ter critérios sobre o que lhe é conveniente (WEBER e FERREIRA, 2018, p.1975).

MÉDIO (6338 caract.)Sujeitos e práticas informacionais de uso e compartilhamento de imagens: em tempos de mídias sociaisO trabalho traz os dados da pesquisa “Digital in 2018”, realizada pela agência global We Are Social. São números extraordinários, que mostram como em pouco tempo o acesso à internet se popularizou. Essa nova mídia, que revolucionou nossa maneira de ver o mundo e nos comunicarmos, está presente massivamente ao redor do mundo, com o Brasil encabeçando muitas das estatísticas de uso da internet, de forma geral, e das redes sociais especificamente. Nela, a imagem ocupa um lugar especial. Hoje, cada pessoa leva consigo uma câmera fotográfica às mãos, praticamente em tempo integral.1.1 - Analisando o ambienteAs autoras identificam como as imagens são utilizadas no contexto das mídias sociais e estabelecem três variáveis de análise: interação; contextualização; e valores sociais.A primeira variável se refere ao uso prático, cotidiano, da informação: a causa e a consequência do que se publica (ou se compartilha). É o recorte de um aspecto da vida de uma pessoa que é disponibilizado para o mundo. Nesse movimento, o sujeito mostra sua vida ao mundo e o mundo participa de sua vida. É como uma via de mão dupla.Da mesma forma se dá a contextualização, a segunda variável utilizada na análise. Uma imagem é disponibilizada com um dado intrínseco, que é o seu ambiente. Em outras palavras, qual é o espaço mental ou territorial ocupado pelo evento ou informação. Intenção e ambiente são, assim, analisados de acordo com a rede social em que ocorre tal evento.1.2 - IndexandoSeria impossível indexar a gigantesca e sempre crescente quantidade de imagens existente na internet. Há, no entanto, algumas ferramentas que são aplicadas pelos próprios usuários, em linguagem natural e livre de processos normativos organizados, que é a marcação social, chamada de folksonomia. As palavras-chave são identificadas através do termo etiqueta (tag). O que inicialmente se pensou visando a organização dos conteúdos em benefício do próprio usuário acabou sendo incorporado como um recurso de indexação autônomo pelos sistemas e disponibilizado a outros usuários.Disponível, um conteúdo que antes era individual passa a ser coletivo. E a partir disso, outros sujeitos passam a participar do processo de indexação de um conteúdo, à medida em que se apropriam do mesmo, num trabalho acumulativo que com o tempo forma "o conjunto de ideias de vários usuários a respeito de determinado conteúdo." (WEBER e FERREIRA, 2018, p.1965).No Flickr, que foi o primeiro a adotar essa ferramenta, ela foi chamada de "marcação colaborativa". Desde 2015, no entanto, novos recursos que se utilizam da inteligência artificial foram inseridos, como reconhecimento facial, classificação por cores, e a marcação – antes feita exclusivamente pelos usuários – passou a ser automática, com o próprio sistema adicionando as tags. Detecta-se automaticamente um rosto, um lugar, o que é pornografia ou não, ainda que no meio desse processo cometam-se inúmeros equívocos, da mesma forma que os humanos, em seu processo caótico de indexação marcam as imagens atribuindo a elas sentimentos e emoções.1.3 - A massificação da imagem nas redes sociaisNas redes sociais as imagens são a forma principal de construção desse universo subjetivo dos usuários. Um movimento percebido já nesse estudo foi a migração do público mais jovem do Facebook – um canal que foi absorvido pelos adultos – para outras plataformas, como Instagram, Snapchat (não muito utilizado no Brasil) e TikTok, demarcando de forma clara o seu território. Essa migração entre as plataformas evidencia também a prevalência das imagens, em detrimento da narrativa textual, e a alteração da velocidade da comunicação.Ao contrário dos outros aplicativos, onde a marcação é feita ao lado ou abaixo da imagem com o intuito de preservar sua integridade, no Snapchat a marcação é feita em cima da própria fotografia. No Facebook e no Instagram pode-se controlar o que é mostrado a qualquer pessoa que esteja na plataforma ou apenas para quem pertence à mesma rede de amigos. No Instagram, criado com o propósito inicial de ser um repositório exclusivo de imagens, há filtros que permitem ao usuário fazer diversas alterações na imagem antes de publicá-la.Todos esses cuidados e aprimoramentos reforçam a imagem que o usuário constrói de si para o mundo, e também delimitam o universo daqueles que poderão ver, comentar e até mesmo se apropriar desse registro efêmero que se desvanece em segundos, deixando quando muito a recompensa, que é o estímulo gerado pelas reações que uma publicação recebe.1.4 - A construção do mundo a partir da imagemTornar pública uma imagem ou opinião numa rede social traz interações que criam laços sociais entre os participantes e, consequentemente, determinam o valor social das relações. Essa é a base que define o ranking das "celebridades" das redes sociais, normalmente pessoas que se destacam na vida pública, principalmente artística e esportiva. Nessa via publicitária, a imagem é o carro-chefe, e uma imagem pode representar um cachê substantivo para os personagens que dela participam.Em 2017 no Instagram, "entre as 10 imagens mais curtidas, aparecem apenas três nomes: Beyoncé (uma única foto foi curtida 11,2 milhões de vezes), Cristiano Ronaldo e Selena Gomez." (WEBER e FERREIRA, 2018, p.1973).1.5 - Consumidor ou objeto do consumismoQuando o mundo construído a partir de uma imagem é tão potente que passa a influenciar os desejos e as decisões de um público, resta pouco espaço para a identidade e o respeito às particularidades dos indivíduos.Fica, então, a indagação presente na conclusão desse estudo: em que medida a imagem numa publicação nas redes sociais traz o objeto de consumo para o universo imaginário dos espectadores, ou, ao contrário, transforma os próprios consumidores em objetos?"Sem uma verdadeira autonomia da própria vida, e, consequentemente, das relações de consumo, o usuário-sujeito passa a não possuir o domínio sobre o objeto; ao contrário, é objetificado. Portanto, pensando o uso da imagem aliada ao consumo no contexto das mídias sociais como o Instagram, por exemplo, se torna muito difícil discutir a liberdade do sujeito em saber escolher e ter critérios sobre o que lhe é conveniente." (WEBER e FERREIRA, 2018, p.1975).

TEXTO LONGO (8962 caract.)Sujeitos e práticas informacionais de uso e compartilhamento de imagens: em tempos de mídias sociais
O trabalho traz os dados da pesquisa “Digital in 2018”, realizada pela agência global We Are Social. São números extraordinários, que mostram como em pouco tempo o acesso à internet se popularizou. Essa nova mídia, que revolucionou nossa maneira de ver o mundo e nos comunicarmos, está presente massivamente ao redor do mundo, com o Brasil encabeçando muitas das estatísticas de uso da internet, de forma geral, e das redes sociais especificamente.A imagem digital – produzida ou compartilhada – tem um lugar especial nesse novo mundo. O que antes era pertencente a um universo particular e restrito, passou a ser disseminado de uma forma inédita, estando à disposição de quem quisesse ver. Ou ainda, em se falando da fotografia profissional, o que era produzido por profissionais especializados com equipamentos caros e de difícil acesso, passou a ser o produto banalizado por um número de usuários jamais imaginado. Hoje, cada pessoa leva consigo uma câmera fotográfica em suas mãos, praticamente em tempo integral. Com a situação da pandemia da COVID pela qual ainda passamos, esses números certamente foram incrementados.No trabalho as autoras identificam como as imagens são utilizadas no contexto das mídias sociais e estabelecem três variáveis de análise:1. Interação2. Contextualização3. Valores sociaisA primeira variável se refere ao uso prático, cotidiano, da informação: a causa e a consequência do que se publica (ou se compartilha). É o recorte de um aspecto da vida de uma pessoa que é disponibilizado para o mundo. Nesse movimento, o sujeito mostra sua vida ao mundo e o mundo participa de sua vida. É como uma via de mão dupla.Da mesma forma se dá a contextualização, a segunda variável utilizada na análise. Uma imagem é disponibilizada com um dado intrínseco, que é o seu ambiente. Em outras palavras, qual é o espaço mental ou territorial em que se dá tal evento ou informação.Intenção e ambiente são, assim, analisados de acordo com a rede social em que essa informação se dá. As autoras citam o estudo de Raquel Recuero em Redes Sociais na Internet (Rio Grande do Sul: Sulina, 2009), que "propõe e estrutura quatro valores sociais, que surgem a partir da forma em que são organizadas as relações dentro das redes sociais: visibilidade, reputação, popularidade e autoridade. Vale destacar que redes sociais não são necessariamente mídias sociais." (WEBER e FERREIRA, 2018, p.1963).Seria impossível indexar a gigantesca e sempre crescente quantidade de imagens existente na internet. Há, no entanto, algumas ferramentas que são aplicadas pelos próprios usuários, em linguagem natural e livre de processos normativos organizados, que é a marcação social, chamada de folksonomia. As palavras-chave são identificadas através do termo etiqueta (tag). O que inicialmente se pensou visando a organização dos conteúdos em benefício do próprio usuário acabou sendo incorporado como um recurso de indexação autônomo pelos sistemas e disponibilizado a outros usuários.Tornada possível a recuperação e com os dados disponíveis, um conteúdo que antes era individual passa a ser coletivo. E a partir disso, outros sujeitos passam também a participar do processo de indexação de um conteúdo, à medida em que se apropriam do mesmo, num trabalho acumulativo que com o tempo forma "o conjunto de ideias de vários usuários a respeito de determinado conteúdo." (WEBER e FERREIRA, 2018, p.1965).No Flickr, que foi o primeiro a adotar essa ferramenta, ela foi chamada de "marcação colaborativa". Desde 2015, no entanto, novos recursos que se utilizam da inteligência artificial foram inseridos, como reconhecimento facial, classificação por cores, e a marcação, antes feita exclusivamente pelos usuários, passou a ser automática, e o próprio sistema adiciona as tags, de acordo com o algoritmo utilizado.A máquina e o algoritmo se aprimoram, assim, distanciando-se cada vez mais em qualidade e quantidade das informações que antes eram produzidas e analisadas pelos seres humanos. Detecta-se automaticamente um rosto, um lugar, o que é pornografia ou não, ainda que no meio desse processo cometam-se inúmeros equívocos, da mesma forma que os humanos, em seu processo caótico de indexação marcam as imagens atribuindo a elas sentimentos e emoções.Nas redes sociais as imagens são a forma principal de construção desse universo subjetivo dos usuários. Um movimento percebido já nesse estudo – e hoje confirmado – é a migração do público mais jovem deixando de publicar no Facebook, um canal que foi absorvido pelos adultos e passando a utilizar outras plataformas, como Instagram, Snapchat (não muito utilizado no Brasil) e TikTok, demarcando de forma clara o seu território, evitando dessa maneira os olhares e algum controle ou tentativa de censura que possam vir a sofrer.Essa migração entre as plataformas evidencia também a prevalência das imagens, em detrimento da narrativa textual, o que, em outras palavras, evidencia uma alteração da temporalidade da narrativa.Ao contrário dos outros aplicativos, onde a marcação é feita ao lado ou abaixo da imagem com o intuito de preservar sua integridade, no Snapchat a marcação é feita em cima da própria fotografia.No Facebook e no Instagram pode-se controlar o que é mostrado a qualquer pessoa que esteja na plataforma ou apenas para quem pertence à mesma rede de amigos.No Instagram, criado com o propósito inicial de ser um repositório exclusivo de imagens, há filtros que permitem ao usuário fazer diversas alterações na imagem antes de publicá-la.Todos esses cuidados e aprimoramentos reforçam a imagem que o usuário constrói de si para o mundo, e também delimitam o universo daqueles que poderão ver, comentar e até mesmo se apropriar desse registro efêmero que se desvanece em segundos, deixando quando muito a recompensa, que é o estímulo gerado pelas reações que uma publicação recebe.Tornar pública uma imagem numa rede social é o primeiro passo para uma interação que cria laços sociais entre os participantes. Tais interações possuem valores sociais, como demonstra o estudo citado anteriormente, de Raquel Recuero, e que são aqui exemplificados:• visibilidade é o potencial de alcance de uma publicação (e, portanto, de um usuário), à medida em que ela é compartilhada e distribuída através das plataformas digitais;• audiência, ou seja, a popularidade alcançada e a quantidade de reações de outras pessoas a uma publicação;• autoridade é a quantidade de pessoas que acompanham um usuário;• reputação, que é o conjunto de percepções dos outros usuários acerca de uma determinada pessoa.O modelo de negócios que tem se desenvolvido na internet favorece a que, através dessas variáveis, criem-se as "celebridades" das redes sociais, pessoas que se destacam na vida pública, principalmente artística e esportiva. Nessa via publicitária, a imagem é o carro-chefe, e uma imagem pode representar um cachê substantivo para os atores que dela participam.No estudo analisado, tem-se o caso de uma imagem da artista Selena Gomez tomando coca-cola em 2016 no Instagram. Durante aquele período, ela era a pessoa com a maior audiência naquela plataforma. Na publicação estão presentes todas as variáveis descritas anteriormente: a presença da cantora, que por si atrai intensa visibilidade, dada a sua popularidade, que é medida pela audiência alcançada, e por conseguinte dá legitimidade a publicação.No ranking das fotos mais curtidas pelos 800 milhões de usuários do Instagram em 2017, "entre as 10 imagens mais curtidas, aparecem apenas três nomes: Beyoncé (uma única foto foi curtida 11,2 milhões de vezes), Cristiano Ronaldo e Selena Gomez." (WEBER e FERREIRA, 2018, p.1973).O estudo traz também uma importante constatação sobre a variável reputação, que é a união dos outros três valores (visibilidade, audiência e autoridade) de uma imagem nas redes sociais: ela implica em três fatores, que são o autor, o público e a relação entre ambos. Quando o mundo construído a partir de uma imagem é tão potente que passa a influenciar os desejos e as decisões de um público, resta pouco espaço para a identidade e o respeito às particularidades dos indivíduos.Pode-se concluir a análise deste estudo com as indagações que o mesmo faz: em que medida a imagem numa publicação nas redes sociais traz o objeto de consumo para o universo imaginário dos espectadores, ou, ao contrário, transforma os próprios consumidores em objetos?"Sem uma verdadeira autonomia da própria vida, e, consequentemente, das relações de consumo, o usuário-sujeito passa a não possuir o domínio sobre o objeto; ao contrário, é objetificado. Portanto, pensando o uso da imagem aliada ao consumo no contexto das mídias sociais como o Instagram, por exemplo, se torna muito difícil discutir a liberdade do sujeito em saber escolher e ter critérios sobre o que lhe é conveniente." (WEBER e FERREIRA, 2018, p.1975).
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