Apresentação - Infoeducação: uma abordagem além do procedimental
A questão informacional no mundo contemporâneo é um fenômeno que afeta diretamente os processos de construção de conhecimento e a participação na cultura. Apropriar-se do universo simbólico implica saberes e fazeres novos relativos à Informação, envolvendo a Biblioteca e a Educação. A disciplina tratará de princípios e elementos que caracterizam dispositivos culturais (bibliotecas e congêneres) em contextos educativos, comprometidos com processos de construção de conhecimento e cultura, na chamada era da informação.ArquivoVídeo
Edmir Perrotti; Ivete Pieruccini - A mediação cultural como categoria autônoma
RESUMO Introdução: Reflexão sobre a noção de mediação cultural, como categoria teórica e operacional autônoma, definida em articulação permanente com as da produção e da recepção culturais, considerados processos dinâmicos e complexos que regem a ecologia simbólica.Objetivo: definir a mediação cultural como instância essencial dos processos de produção de sentido Metodologia: estudo dos elementos constitutivos de uma experiência cultural autobiográfica, relatada por Clarice Lispector no conto Felicidade Clandestina.Resultados: a mediação cultural não é simples recurso de transferência de dados/informações, mero “canal” ou instância de apoio visando a criação de elos entre sujeitos.Conclusão: A mediação cultural é ato autônomo, com identidade e lógicas próprias, definidas em relação com as esferas da produção e da recepção de informação e cultura.Tal abordagem, assumindo modelo triádico (mediação-produção-recepção), rompe com compreensões dualistas e mecânicas dos campos da Informação e da Comunicação, mostrando-se heurística, posto que se compatível com a centralidade dos dispostivos de mediação cultural na atualidade.ArquivoFichamento
Edmir Perrotti; Ivete Pieruccini - Novos saberes para a educação do século XXI
Numa época de “hibridização cultural” (CANCLINI, 1995) que, dentre outras características, vem se notabilizando pelas rupturas de limites de variadas ordens, por fusões, aglutinações, articulações e rearticulações permanentes de linguagens e dispositivos, os modos fechados de fazer ciência, de educar, de tratar os processos informacionais e educacionais refletem uma atitude que vai não só na contramão do presente e do futuro, como do próprio conhecimento e da cultura. Como aponta recente relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE (2010), ao tratar dos saberes e fazeres para o século XXI, os modelos de formação adequados ao industrialismo do século XIX já não conseguem dar conta das necessidades de formação na era pós-industrial, com a emergência de modos de produção assentados sobre o valor da informação e do conhecimento. E, se isso é verdade para as questões econômicas e sociais que interessam à OCDE, é verdade também para as culturais que apontam para os processos de construção de sentidos, de participação afirmativa na cultura da informação em que vivemos.A Infoeducação associa-se, assim, a esse quadro de iniciativas envolvendo relações entre os campos da Informação e Educação, mas rompe, ao mesmo tempo, com paradigmas científicos e educacionais consagrados pela tradição disciplinar, adotando perspectivas transdisciplinares (CARTA da Transdisciplinaridade, 1994), que articulam diferentes saberes e fazeres em redes dinâmicas de conhecimento e de atuação. Desse modo, contribui de forma original para o avanço da reflexão e das práticas de que se ocupa, razão que nos leva a postular o uso do termo para nos referirmos às preocupações emergentes há décadas, mas dimensionadas em termos diferenciados, críticos e afirmativos em relação à “era da informação”. (p. 11)É fundamental, portanto, não confundir conteúdos informacionais com saberes informacionais, pois tal atitude seria reduzir o segundo termo ao primeiro, sem atentar para a natureza da trama complexa que o envolve. Ter domínio dos saberes informacionais é o modo de caminhar no sentido de conhecer o conhecimento e diz respeito aos mais diferentes campos disciplinares, a saberes plurais, de diferentes ordens e procedências. (p. 17)Se a biblioteca escolar vem sendo apontada como instância privilegiada ao desenvolvimento sistemático das aprendizagens informacionais na escola, é preciso, porém, ressaltar um aspecto fundamental: a literatura é unânime em afirmar que muitos de seus conceitos e práticas herdados da tradição têm que mudar radicalmente. Ela terá, portanto, que se transformar em Estação de Conhecimento (PERROTTI; VERDINI, 2008), dispositivo híbrido que funde informação e formação num mesmo objeto, constituindo um ambiente pedagógico e cultural, que é e que não é, ao mesmo tempo, somente biblioteca, sala de aula ou laboratório de informática. (p. 22)As crianças, os jovens e os adultos que frequentam hoje nossas escolas não podem aguardar ou ficar submetidos a posições corporativas tradicionalistas. Necessitam imediatamente das bússolas cognitivas a que nos referimos. Estão sob risco de afogamento nos mares revoltos da informação, num processo em que a sobrevivência acaba fruto do acaso ou do talento individual. A informação deixa de ser direito, da mesma forma que o “acaso”, aqui, não é natural, mas sociocultural. Aqueles que têm a sorte de nascerem em condições privilegiadas conseguem, às vezes, herdar antigas bússolas. Mesmo estes, contudo, estão desprovidos, pois as marés mudaram de tal forma, nossa atual ecologia cognitiva é de ordem tão distinta, que os instrumentos do passado não são capazes de dar conta e evitar afogamentos. (p. 22)ArquivoFichamento
Ivete Pieruccini - A ordem informacional dialógica: estudo sobre a busca de informação em Educação
Edmir Perrotti - Infoeducação: um passo além científico-profissional
RESUMO: Introdução: O artigo trata da infoeducação e de sua importância para profissionais da informação.Objetivo: Para tanto, refere-se origem e desenvolvimento da infoeducação, na ECA/USP, decorrente de pesquisas e trabalhos realizados por equipes transdisciplinares, coordenadas e orientadas pelo Prof. Dr. Edmir Perrotti, desde finais dos anos 1980.Metodologia: Definida como linha de estudos e de ações socioculturais que se ocupam da dimensão formativa da informação, tendo em vista processos de mediação e apropriação de saberes informacionais, a infoeducação é apresentada a partir de premissas teórico-metodológicas que a distinguem de abordagens funcionalistas e meramente procedimentais, alavancadas pela noção educacionalmente restrita de competência informacional, mas que vêm pautando grande parte dos trabalhos dedicados à information literacy, no país e fora do país.Resultados: A formulação do conceito de infoeducação, fundamentada em investigações teórico-práticas, redefine relações históricas e assimétricas existentes entre informação e educação, articulando-as de forma dinâmica e não hierarquizada.Trata-se de ruptura epistemológica e prática que, além de desenvolver um corpo de distinções teóricas e metodológicas, abre trilhas para a superação de abordagens restritas, focadas apenas em perspectivas procedimentais e adaptativas que, como no passado, subordinam o campo da informação ao da educação, atitude desconectada da realidade cultural contemporânea.Conclusões: Conclui-se que a infoeducação é um passo além científico-profissional.Sua abordagem transdisciplinar e sociocultural permite-lhe ocupar-se tanto das dimensões epistêmicas fundamentais, envolvidas nas relações entre informação e educação, como fornece bases para que bibliotecários, museólogos, arquivistas e os dispositivos em que atuam ganhem centralidade e essencialidade nas dinâmicas de apropriação de informação, conhecimento e cultura, em nossa época.ArquivoTrabalho
TV, educação e formação de professores [recurso eletrônico] : Salto para o Futuro : 20 anos / Rosa Helena Mendonça, Magda Frediani Martins (org.). - Rio de Janeiro : ACERP ; Brasília, DF : TV Escola , 2013.Arquivo
Jeremy J. Shapiro e Shelley K. Hughes - Information Literacy como uma Arte Liberal
SHAPIRO, J. J.; HUGHES, S. K. Information literacy as liberal art. Educom Review, v. 31, n. 2, mar/abr. 1996. (Texto traduzido)Arquivo
Solange Maria Rodrigues Alberto, Ivete Pieruccini - INFORMAÇÃO E EDUCAÇÃO: ELEMENTOS PARA A FORMAÇÃO DE MEDIADORES CULTURAIS
Resumo: Este artigo apresenta pesquisa de mestrado em curso que trata da formação continuada de mediadores culturais em ambientes informacionais educativos envolvidos com atos e processos sobre aprender a informar-se. A definição do objeto de pesquisa considerou a experiência de formação em serviço dos quadros de profissionais da Estação do Conhecimento Einstein em Paraisópolis. A partir dos referenciais da Infoeducação, que tem como objetivos a apropriação e o protagonismo cultural, e considerando-se os efeitos provocados pelo quadro informacional contemporâneo face à profusão, midiatização, velocidade e fragmentação da informação, a pesquisa objetiva levantar e sistematizar elementos teóricos e metodológicos para a construção de um conceito de formação continuada, tendo em vista processos de mediação cultural voltados à construção de relações críticas e criativas de crianças e jovens com o universo da Informação. Trata-se de pesquisa qualitativa, a partir de análise documental - resgate histórico - de programas e ações realizadas com grupos de educadores e mediadores da Estação e coleta de depoimentos por meio de entrevistas semiestruturadas e grupos focais com diferentes atores envolvidos no objeto em questão. Resultados parciais mostraram que o contexto se apresentou como campo de experimentação e investigação, a partir da construção de Redes Colaborativas - Universidade e Território, constituindo-se como locus da formação a cultura institucional e os saberes e fazeres da experiência. O redimensionamento do papel do mediador, a partir de uma concepção de educação para o “viver junto”, atuou na “descoberta de chaves” para percepções de seu papel nas relações entre informação e atos de criação e significação do conhecimento.Arquivo